domingo, 22 de setembro de 2013

Sociedade disciplinada e sociedade do controle:

Para abordar esse tema, é preciso mergulhar no pensamento de dois grandes pensadores do século XX. O primeiro, Michel Foucault, filósofo francês, que até os anos 80, deu aulas no College de France, dando uma imensa contribuição para a filosofia do século passado, elaborando trabalhos que são referencia para muitas ciências humanas e sociais até a atualidade. O segundo, Gilles Delleuze, amigo do primeiro, embora um pouco mais velho do que este, também professor universitário (na Universidade de Lyon) e filósofo. O fato é que ambos fizeram análises da sociedade contemporânea, que além de relevantes, permanecem atuais.
Na analise de Foucaut, vivemos na sociedade disciplinada. Ou seja, desde a mais tenra idade, as instituições vão disciplinando o individuo, ou seja, dando-lhes os parâmetros que devem ser utilizados para a vida em sociedade. Assim, a família, a igreja, a escola, o quartel, o hospital ou a prisão, tem o objetivo comum de adequar o individuo em ações que são esperadas dele ao longo da vida. 
A família, por exemplo, transmite ao individuo a educação que envolve desde a orientação fisiológica à orientação moral, bem como o faz a igreja, que orienta a moral, a fé e a espiritualidade e assim todas as instituições vão educando ou re-educando (como no caso da prisão) o individuo. Assim se estabelece, portanto, a sociedade disciplinar
Na sociedade disciplinar, os indivíduos que de alguma forma cometem atos indisciplinares, são punidos para que possam posteriormente ter contato com a sociedade. Explica-se assim, a existência de clinicas de recuperação de viciados, por exemplo. As pessoas que mergulham no vício tem a oportunidade de se recuperar, para voltar ao convívio social.
Nos estudos de Gilles Delleuze, a sociedade disciplinar não é uma novidade. Ao contrário, ela existe desde o século XVIII, mas para ele, estamos numa transição para a sociedade de controle, onde há um controle social dos indivíduos através dos estudos permanentes, onde a pessoa humana estuda o tempo todo e é avaliada para se ter o controle do seu aprendizado, ou seja, daquilo que se espera que ela saiba.
Para Delleuze, a aplicação disso se dá na avaliação e na formação continuada. A pessoa vive se preparando para ter acesso a uma meritocracia. Vive melhor na sociedade quem tem mais mérito, portanto. Trazendo esse pensamento para a sociedade atual, vemos que ele muito se aplica aos dias atuais, onde as provas garantem o acesso aos estudos (vestibular), ao trabalho (concurso público) e até mesmo vantagens no emprego (prova do mérito).
Contudo, a obra de Foucault não está de todo desatualizada, pois ainda hoje, há quem goste de determinada religião porque aprecia a "doutrina" dela, ou seja, vivemos numa mescla de sociedade disciplinada com sociedade do controle.


A sociedade disciplinar, de Michel Foucaut.


A sociedade do controle, de Delleuze.

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