quinta-feira, 23 de abril de 2015

Do Jardim Nélia à USP, a grande conquista de Fernando:

Para muitos alunos, a Universidade pública e gratuita é um sonho distante, ainda mais, para os que cursam as escolas públicas e tem um cotidiano de dificuldades para estudar. Porém, é possível vencer as dificuldades (em todos os sentidos) e vencer os desafios e ingressar numa grande universidade.
É claro que para isso acontecer, é preciso muita dedicação e empenho do aluno que deve estar ciente que estará de certa forma lutando contra o sistema, que não o coloca em pé de igualdade na disputa por essas vagas que geralmente são conquistadas por estudantes oriundos do ensino privado.
Pra ilustrar essa possibilidade de sucesso, falarei de Fernando Rocha Reis, de 25 anos, um jovem sonhador com o qual me deparei no meu primeiro ano de magistério, em 2006, na E.E. Profº Pedro Brasil Bandecchi, localizada no extremo da Zona Leste de S. Paulo. Fernando desde o 2º ano de Ensino Médio traçou seu objetivo de vida: ser aluno da USP - Universidade de São Paulo. Sua determinação e perseverança, assim como esforço, empenho e dedicação o acompanharam desde então. Atualmente Fernando é aluno do curso de Geografia da USP e segue militando nos movimentos estudantis da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Vejamos como ele conseguiu alcançar seu sonho:

Luana Ensina - Como você ingressou na USP? Fale um pouco do seu curso.

Fernando Rocha - Então, eu faço Geografia na USP. Ingressei na FFLCH em 2011. Conclui o Ensino Médio em dezembro de 2007 e passei em licenciatura em Geografia no IFSP (Instituto Federal de Educação de São Paulo - localizado próximo ao metrô Armênia na Zona Norte de S. Paulo). Em 2008 estava lá, porém, perdido. Aí desisti do curso e no segundo semestre de 2008, prestei vestibulinho para ETEC (Escola Técnica Estadual de São Paulo), onde fiz técnico em Gestão Ambiental. Conclui esse curso em 2009 e fui fazer um cursinho popular. Cursinho do XI (promovido por estudantes de direito da USP). Fiz durante o ano de 2010 e em 2011 entrei na USP.

Luana Ensina - Qual a importância da ETEC nesse processo?

Fernando Rocha - A  ETEC me ajudou muito, fui adquirindo um acúmulo de conhecimentos, quando cheguei no cursinho já não estava tão cru...



Luana Ensina - Que dicas vc daria pra um aluno da escola pública que queira tentar a USP?



Fernando Rocha - Estudar muito. Não ter preconceito de disciplinas (tem que estudar tudo, pois o vestibular cobra tudo). Estudar aos finais de semana, sobretudo, quem trabalha (eu trabalhava e só tinha os finais de semana para estudar). Tem que estudar, só assistir aulas não adianta. Pegar provas antigas pra estudar. Fazendo exercício se conhece as provas... É possível passar na FUVEST, com dedicação (muita). Estudei da 1° série do fundamental ate o último ano do EM no Bandecchi e entrei em duas universidades públicas.





Fernando Rocha Reis - da E.E. Profº Pedro Brasil Bandecchi (na foto de 2006) à USP atualmente.




 Fernando Rocha observa o relevo em aula de campo da USP.




Com um colega de curso na aula de campo do curso de Geografia da USP em 2012.

Para saber mais:
  • A primeira universidade que o Fernando Rocha estudou: IFSP - além de cursos técnicos, há cursos superiores (alguns de curta duração). É preciso prestar o vestibular ou vestibulinho. Há campus em S. Paulo (zona norte), Guarulhos, Suzano, etc.
  • O curso técnico do Fernando foi feito pela ETEC - Escola Técnica de São Paulo / Centro Paula Souza, existem diversas escolas na capital e grande São Paulo. Além dos cursos técnicos de 1 ano e meio, pode-se cursar o Ensino Médio e o ingresso para ambos se dá por vestibulinho.
  • A USP é a maior faculdade pública do país e o seu vestibular (FUVEST) é um dos mais concorridos mas existe isenção pra quem quer ingressar em um dos muitos cursos oferecidos pela instituição.

2 comentários:

  1. Amei o testo Luana ;). Parabéns por essa trajetória Fe, você merece, foi realmente muito esforçado durante todo o percurso, continue sempre assim, perseverante e acreditando no que muitos duvidam que é possível realizar.

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  2. Histórias reais (como as do Fernando) são o combustível para que a gente continue firme e forte na luta.

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